"Só com a leitura um povo pode se tornar forte em sua cultura." (Rodrigo Poeta)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

8ºlugar no XIV CONCURSO POESIARTE


8ºlugar: André Luis Soares.
*Poema: Mil faces ocas.
*Cidade: Guarapari/ES.
*Pontuação: 271.

MIL FACES OCAS

A palavra é puro blefe,
propaganda enganosa,
finge ser poesia e prosa
quando sempre é culpa e dolo.

Envolta em voz de veludo,
em tom grave ou agudo
tem alto grau de perigo,
pois que invade os ouvidos
com afago e consolo
para roubar mente e coração.

Quando apartada dos atos
toda palavra é ilusão,
tão insípida e inodora
que parece dar agora
um vazio quase-nada
com aparência de contrato,
em grilhões verde-esperança
adornados de soberba,
para que a razão se perca
entre o sonho e a promessa.

A palavra, então, tem pressa
de envolver mais uma presa
fazendo com que pareça
ser concreto o que é mentira,
ser irmão quem é traíra,
ser bonita a coisa feia,
ter coragem o vil covarde,
estar em tempo o que já é tarde,
ser sagrado o que é profano,
e até sopra um...

“–– Eu te amo”,

quando em verdade...
odeia.

(Pseudônimo: “Fui Ali. Volto já”)
 

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