5ºlugar: Paulo João Bico Gomes.
*Poema: O transcendental poeta do século vinte.
*País: Guiné-Bissau.
*Pontuação: 314.
O transcendental poeta do século vinte
Na sua alma carregava o ser mundial
Humilde que serve da sua escrita
Se vivia entre o sofrimento do povo
E a dor de viver o amanhã melhor
A sua simplicidade, ultrapassa qualquer escrita
Mahmud Darwich
Mesmo longe, ainda vive entre o ontem e o hoje
A sua palavra, ontem não valia
Hoje, é o tema de toda cúpula
Como se a culpa é o remédio
Dos amplos consensos
Nos seus incansáveis conselhos
Residem o poder da sua fala
Djidiu das letras!
Não é médico
Mas a sua palavra cura
Não é professor
Mas a sua palavra educa
Djidiu das letras!
O mundo chora debaixo das suas lágrimas
Afiando pontas nos cílios secos por diálogo
Sob custo zero da alma forçada por alongar
As pernas em busca do novo rumo
Djidiu das letras!
Quero gritar e fazer sentir-me
A sua voz a bordo do século vinte um
Nos escombros
A procura dos seus ombros
Mahmud Darwich!
O retrato do que espelha
O seu espelho
É a palavra imortal
Dum povo ofertado a esmola
Como se as nossas camisolas
Já não têm golas
Mahmud Darwich!
Devo me murmurar
Para não ser ouvido?
Ou devo me emprestar o seu espírito
Para fazer de si uma incansável
Canção da qual as letras
Será uma música com melodia
Das almas perdidas?
O poeta transcendental
Nas fronteiras da fala
Ouvi os gritos das suas letras
Bebi das suas lágrimas
Apodrece-me em mesquinhos
Pois, a sua voz, já não me soa no ouvido
Meu eterno escritor!
Meu eterno escritor!
Chorei! Chorei! Chorei!
Porque os meus olhos não queriam chorar
O meu corpo não ficaria no chão
As minhas mãos não estariam estendidas
Esperando a quem me limparia
A dor de ser este escritor
Abalando o mundo
Com esta palavra linda
Mas linda se chama à paz
A paz na alma
A paz no interior
A paz entre povo
A paz entre irmãos
A paz! A paz! A paz!
Para que a vida continua saborear da sua sombra
(Pseudônimo : Negro Valente)
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