"Só com a leitura um povo pode se tornar forte em sua cultura." (Rodrigo Poeta)

sábado, 21 de dezembro de 2024

5ºlugar no XIV CONCURSO POESIARTE


5ºlugar: Paulo João Bico Gomes.

*Poema: O transcendental poeta do século vinte.

*País: Guiné-Bissau. 

*Pontuação: 314.


O transcendental poeta do século vinte

 

Na sua alma carregava o ser mundial

Humilde que serve da sua escrita

Se vivia entre o sofrimento do povo

E a dor de viver o amanhã melhor

 A sua simplicidade, ultrapassa qualquer escrita

 

Mahmud Darwich

Mesmo longe, ainda vive entre o ontem e o hoje

A sua palavra, ontem não valia

Hoje, é o tema de toda cúpula

Como se a culpa é o remédio

Dos amplos consensos

Nos seus incansáveis conselhos

Residem o poder da sua fala

Djidiu das letras!

 

Não é médico

Mas a sua palavra cura

Não é professor

Mas a sua palavra educa

Djidiu das letras!

 

O mundo chora debaixo das suas lágrimas

Afiando pontas nos cílios secos por diálogo

Sob custo zero da alma forçada por alongar

As pernas em busca do novo rumo

Djidiu das letras!

 

Quero gritar e fazer sentir-me

A sua voz a bordo do século vinte um

Nos escombros

A procura dos seus ombros

Mahmud Darwich!

 

O retrato do que espelha

O seu espelho

É a palavra imortal

Dum povo ofertado a esmola

Como se as nossas camisolas

Já não têm golas

Mahmud Darwich!

 

Devo me murmurar

Para não ser ouvido?

Ou devo me emprestar o seu espírito

Para fazer de si uma incansável

Canção da qual as letras

Será uma música com melodia

Das almas perdidas?

 

O poeta transcendental

Nas fronteiras da fala

Ouvi os gritos das suas letras

Bebi das suas lágrimas

Apodrece-me em mesquinhos

Pois, a sua voz, já não me soa no ouvido

 

Meu eterno escritor!

Meu eterno escritor!

 

Chorei! Chorei! Chorei!

Porque os meus olhos não queriam chorar

O meu corpo não ficaria no chão

As minhas mãos não estariam estendidas

Esperando a quem me limparia

A dor de ser este escritor

 

Abalando o mundo

Com esta palavra linda

Mas linda se chama à paz

A paz na alma

A paz no interior

A paz entre povo

A paz entre irmãos

A paz! A paz! A paz!

 

Para que a vida continua saborear da sua sombra

 

(Pseudônimo : Negro Valente)

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