"Só com a leitura um povo pode se tornar forte em sua cultura." (Rodrigo Poeta)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

10°lugar no VI° Concurso POESIARTE



10º lugar: António José Barradas.
- Poesia: A janela do meu quarto.
- Pseudônimo: Tiago.
- Cidade: Parede - Portugal.
- Pontuação: 420.

*Janela em Leiria - Portugal.
- Foto de Ana Carvalho.


-Vejamos o poema:

A janela do meu quarto

Abro, no quarto, a janela,
De manhã, de madrugada,
Tenho uma vista tão bela,
Tão serena, tão singela,
Que a alma fica enamorada.

O sol desponta, defronte,
Em luzinha tão travessa,
Que até o verde do monte
Brilha mais, no horizonte
Deste dia que começa.

E a brisa surge, teimosa,
Num breve correr, risonho,
Beija a erva, abraça a rosa,
Sopra a folhinha, ansiosa,
Vem carregada de sonho.

Já há pombos arrulhando,
São dois, à volta, no chão,
Ele, a beleza mostrando,
Ela, vaidosa, acenando
Ora num sim, ora não.

Lancei, por todo o lugar,
Umas quantas vitualhas
Que os pardais, a saltitar,
Buscam fazer um manjar
Daquelas poucas migalhas.

E o gato, cheio de cobiça,
Perante tanto alvoroço,
Pensa, com certa preguiça,
Que, nesta calma mortiça,
Já tem, à frente, o almoço.

As folhas das oliveiras
No quintal, à minha frente,
Viram-se ao sol, faceiras,
Abrem-se de mil maneiras,
Sorriem p’ra toda a gente.

Longos minutos me quedo
Sem pensar na despedida
Porque a flor lilás, sem medo
Vai desvendando um segredo,
Despertando para vida.

Ergue-se como um farol
Na linda cor que irradia
E, por isso a aquece o sol
Quando escuta o rouxinol
Lançar trinos de alegria.

Então, fica-me, dessa hora,
Olhos erguidos aos céus,
A certeza de que, agora,
Ao ver uma nova aurora,
Eu digo obrigado a Deus.

Depois desta comunhão
É, com saudade, que parto,
Rezo uma última oração
E fecho, com lentidão,
A janela do meu quarto.

Pseudônimo: Tiago.



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