"Só com a leitura um povo pode se tornar forte em sua cultura." (Rodrigo Poeta)

sábado, 16 de fevereiro de 2013

3º lugar no VIIº CONCURSO POESIARTE 2013


*Nome: Sonia Nogueira.
*Poesia: Cajueiro.
*Cidade que representa: Fortaleza/CE.
*Pseudônimo: Clara.
*Pontuação: 442 pontos.


-Veja a poesia, que ficou em 3º lugar no VIIº CONCURSO POESIARTE:

*Tela da artista portuguesa Luiza Caetano.

Cajueiro

Lembro-me de ti, meu cajueiro
Pequenino, te vi nascer assim:
A terra aceitou a cova por mim,
No sol da manhã sem aguaceiro.

Meu olhar deitava sobre o solo
Em cada aguada que eu fazia,
Esperando da terra a euforia
E gritar: enfim nasceu o meu Apolo.

O deus que minha mão plantou,
No sonho a saliva degustava,
O doce, o agre, não me importava,
A sombra, o escaldante sol somou.

Surgiu pequenino, tão indefeso,
Um pé, só, bastaria ao teu fracasso,
Qual vento impiedoso e devasso,
Esmagaria toda seiva com acesso.

A roupa de madeira te cercou,
Cuidado de mãe te dediquei,
Na robustez da vida te proclamei
Árvore da vida, o sonho brotou.

Galhos esparramados no ar,
Vento em leque abrasava calor,
O chão bordado em renda falou:
Sou teu filho, filha, pra te dar:

Adocicado mel, puro e natural,
No tacho o doce que fortifica,
Até no guisado a mão bonifica,
Cajuína não há c’ m sabor igual.

Amarelo e vermelho é seu fruto,
Adstringente é casca medicinal,
A rezina sai do tronco e dá papel,
As flores melíferas, que reduto!

A seiva da vida produz tinta,
E purgativa sua raiz, a vitamina
É a C, escorbuto vem, desatina,
A castanha nos ossos faz a cinta.

Teu berço, Índia, Vietnã e Brasil
Mesmo de longe vivo a pensar,
Na rede que dormia ao repousar,
Na sombra, meu cajueiro varonil.

O balanço da rede sobre galhos,
Carrego comigo do belo sertão,
O meu cajueiro sem uma ilusão,
Ficou na saudade, saí num atalho.

(Pseudônimo: Clara)



*Comentário do jurado Fernando Aires de São Paulo/SP:

"Faz alusão a Apolo, deus mitológico grego, um dos mais venerados da antiguidade clássica.  Tem também bom ritmo, conteúdo e história. Trata a árvore como um dos deuses da vida e do homem, em especial o cajueiro, presente em tantas nações graças às viagens ao redor do mundo promovidas pelas expedições portuguesas que levaram a planta na bagagem."

(Fernando Aires - jornalista)


*Comentário do jurado Carlos Alberto Sousa de Cabo Frio/RJ:

"Legado poético."

(Carlos Alberto Sousa - escritor)


*Comentário do jurado Emanuel Carvalho de Natal/RN:

"Só mesmo um poeta que viveu ou vive no sertão pra se encantar com a beleza de uma árvore de galhos fortes e resistentes no verão, quando está em época de colheita seu fruto é doce como um mel e dela pode obter doces deliciosos, sem falar da sobra que o sertanista pode até dormir debaixo dos seus galhos e folhas."

(Emanuel Carvalho - escritor)


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