"Só com a leitura um povo pode se tornar forte em sua cultura." (Rodrigo Poeta)

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

1°LUGAR NO IX CONCURSO POESIARTE



1°LUGAR
*Journey Pereira dos Santos.
*Poema: “Da Essência do Além-mar”.
*Pseudônimo: Xangô.
*Cidade: Alagoinhas-BA.
*Pontuação: 536.

Da Essência do Além-mar
   Aos negros e negras desta nação-continente...

E deste lado do Atlântico ouço o toar
Dos tambores sagrados de Angola.
Trazendo nas plagas de cada rufar,
A essência ancestral quilombola.


E do ilê posso ver no olhar vasto,
Daqueles que quase nunca são vistos,
A imensidão da alma Malê, Nagô, Jêje e Banto.
Que a história parece tomar por esquecidos...


E este solo abençoado apresa as lágrimas do teu pranto,
Como a herança do sofrimento e das dores do passado...
Quando em luta plena se lançou, para nunca mais ser subjugado.

E agora, a verdade plena ecoa livre em teu canto!
Revelando uma nação tropical imersa em mágica,
Pois além de América e Europa, tens na essência, muito de África.


*Pseudônimo: Xangô.



2°LUGAR NO IX CONCURSO POESIARTE



2°LUGAR
*Márcia Bastian Falkenbach.
*Poema: “Povo Santo”.
*Pseudônimo: Rosalina.
*Cidade: Caxias do Sul-RS.
*Pontuação: 529.

POVO SANTO

Não há quem venha ao mundo, quem nasça
Que veja no outro a diferença
Que despreze, separe, segregue
Um nobre irmão por sua raça

Que pai Omolú nos proteja
Que nos abrace em compaixão
Que toda sua terra se curve
Sob o manto forte da união

E giro em celebração, no colo de Nanã encontro meu lugar
Cor da alma, a noite que me abraça
Com um turbante na cabeça
E o grito – Salubá!

Proteja egun desse povo santo
Proteja Iya natureza da guerra
Acolha sob seu manto
O povo santo da terra

As vozes que se unem
Num canto de adoração
Em sorrisos, em xirê
Da força da raça e do coração

Iyalorixá que nos abraça
No canto forte de Iansã
Que nos traga idunnu
Que nos salve o amanhã

Axé, Iya! Axé povo santo!
Da força, da garra, do canto
Das correntes rompidas
Das senzalas vencidas!

Não mais escravos, filhos de Ogum!
Guerreiros por natureza, fortes pela sobrevivência
Sonhadores implacáveis
Herdeiros da terra, da força, da benevolência

Vozes da África que ecoam
Na branca história das guerras
Preto bravo e valente
Que não se entrega e não se rende
O verdadeiro dono dessa terra

No suor do seu passado
Construiu a casa grande
Celebra o Olodê
Por Omolú abençoado!

Obá de ébano e pompa
Curvada a ti reconheço
Teu grito de liberdade
Tua luta por um recomeço

Bendito seja o povo santo!
Benditos herdeiros africanos!
Que sua luta por dignidade
Nos inspire a sermos mais humanos!

Axé, Iya Nanã, teu povo me acolhe
Família de alma é a gente que escolhe.

*Pseudônimo: Rosalina.

3°LUGAR NO IX CONCURSO POESIARTE


3°LUGAR
*André Luís Soares.
*Poema: “Carnaval na Senzala”.
*Pseudônimo: Pacífico Licutan.
*Cidade: Guarapari-ES.
*Pontuação: 520.

CARNAVAL NA SENZALA
.
Meu sinhozim viajou,
hoje tem festa na senzala;
minha gente vai cantar,
sonhando não ser escrava.
Ô Naná... erga as mão e agradeça Iemanjá...
ô Naná, erga as mão e agradeça Iemanjá!

Viva essa liberdade,
como quem tem alforria;
coma e beba à vontade,
mesmo que só por um dia.
Ô Naná... soca o milho pra fazer o mungunzá...
ô Naná, soca o milho pra fazer o mungunzá!

Casa grande hoje é nossa,
traga lenha pra fogueira,
não tem trabalho na roça,
só cachaça e capoeira.
Ô Naná... amanhã o chicote vai cantar...
ô Naná, amanhã o chicote vai cantar!

Peço graças ao Senhor,
agarrado ao velho tessubá;
com as bênçãos de Xangô
a Princesa ainda vai nos libertar.
Ô Naná, canta um canto bantô pra eu dançar...
Ô Naná... vou correr, vou fugir, morrer no mar!
Ô Naná... vou correr, vou fugir, morrer no mar!

*Pseudônimo: Pacífico Licutan.

MENÇÃO HONROSA DO IX CONCURSO POESIARTE


20°LUGAR

*Millena da Costa Inácio.
*Poema: “Flores”.
*Pseudônimo: Milly.
*Cidade: Cabo Frio-RJ.
*Pontuação: 251.


FLORES
Apenas uma palavra,
Pode ferir sentimentos.
Apenas uma palavra,
Pode machucar corações.

Uma voz, uma lágrima em um olhar.
Vidas sendo ignoradas por suas raças,
Raízes sendo cortadas,
E pessoas sem se amar.

Flores surgem a cada momento
Com um propósito de crescer,
Não podemos simplesmente cortá-las
E fazê-las morrer.

Crianças são como flores,
Belas plantas de várias cores
E formas, que precisam de amor
Em vez de somente dor.

A vida se deve preservar.
A discriminação não deve haver,
Para que todos possam se amar
E que a paz possa acontecer.

*Pseudônimo: Milly.