"Só com a leitura um povo pode se tornar forte em sua cultura." (Rodrigo Poeta)

sexta-feira, 31 de julho de 2009

3°lugar no III° Concurso POESIARTE



- 3°lugar no III° Concurso POESIARTE.
- Nome: Rosário Bernardo .

- Natural de Cristais-MG.
- Cidade em que representa: Belo Horizonte-MG.

- Atividades: Poeta.






- 3°lugar com poema:

Um ato de comunicação

Pero Vaz caminha com sua carta
e reza à Cristo crucificado
estando o poeta na última hora de sua vida.
Sêmen est verbum dei.
Loquatur sermenem meun vere.
Salva Padre Vieira!
Que seja mais simples,
menos rebuscada e mais espontânea.
Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo a força,
e ao semblante a graça!
Nossa essência reside na liberdade
criadora e individual:
Intuições
sonhos
sentimentos
emoções
fantasias...Eu.
O coração como centro do universo;
o triunfo do sentimento sobre a razão.
Tupã, oh deus grande!
Não te ria de mim, meu anjo lindo,
por ti - as noites eu velei chorando
por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Levantai-vos, heróis do novo mundo...
O Ermitão da Glória
em Sonhos d'ouro com Iracema
para que mostrem a sua Inocência
Evolução positivista determinada
a realidade é necessária,
assim como a ciência
da sociedade e do homem.
O Cortiço, que A mão e a luva amassará.
Estão abandonadas as técnicas românticas:
Hoje, seguem de novo na partida.
Nem o pranto os olhos umedece
nem comove a dor da despedida.
Cores, sons, perfumes, quero mais...
Quero o símbolo entre o homem e o mundo,
sonho, profundo, o sonho doloroso,
doloroso e profundo sentimento
aos leves fluidos do luar nevoento
sobre as estrelas rútilas e frias.
Os olhos observam os problemas brasileiros:
Os sertões
Cidades mortas
até mesmo O triste fim de Policarpo Quaresma
e, a um poeta original
ser miserável dentre os miseráveis.
A Semana de Arte Moderna
ilumina novos movimentos,
Macunaíma se machuca,
O Primeiro caderno
do aluno do poesia Oswald de Andrade
cai no chão e suja.
Vou-me embora pra Pasárgada;
antes, porém, passarei no Brás, Bexiga e Barra Funda.
Pedirei a São Bernardo proteção
e em Fogo morto seguirei
às Terras do sem fim
a procura de tal Continente.
Não serei o poeta de um mundo caduco
também não cantarei o mundo futuro.
O tempo é a minha matéria,
o tempo presente
os homens presentes,
a vida presente
num Romanceiro da Inconfidência.
Trago a doença dos que aceitam melancolicamente
e posso dizer que o grande afeto que te deixo
não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
nem as misteriosas palavras do véus da alma...
São tendências que vem depois,
estas histórias na minha estória.
Ai de ti, Copacabana te cuide!
A nova geração ataca.
Agora que é abril, e o mar se ausenta
secando-se em si mesmo como um porto;
aceita um conselho:
Beba Coca-cola
e passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
Farei teatro por todo o Brasil.
Serei O pagador de promessas
bem como Jesus homem
que jamais se extinguirá!
Então, poderemos ir bem longe
até que a imaginação nos permita.


*Bernardo Santos - Cristais – MG.
*Pseudônimo: Tião Mestre.


domingo, 26 de julho de 2009

2°lugar no III° Concurso POESIARTE

- 2°lugar no III° Concurso POESIARTE.
- Nome: Laérson Quaresma de Moraes .

- Natural de Campinas-SP.
- Cidade em que representa: Campinas-SP.

- Atividades: Poeta.


- 2°lugar com poema:



A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS



Liberdade! Liberdade!

Era a notícia espalhada

Nos campos, ruas, calçadas,

Numa tremenda euforia;

Gente chorando, sorrindo,

Bênçãos aos céus mil pedindo

Já que a notícia corria!


Negro João, preto velho,

Acorda com tantos gritos,

Já ficando muito aflito...

Coça a cabeça nevada

E abrindo bem devagar

Os olhos foi “espreitar”

Toda a bagunça danada...


Eis que a porta da senzala

Se faz aberta num triz:

Negro Zé, moço feliz

– Com todo o viço da idade –,

Que abraça o avô “Nego Jão”,

Brada com tanta emoção:

“ – Liberdade! Liberdade!”


E pula, gira, gritando

Com mais força do que outrora,

O lindo romper da aurora...

Negro João, no seu canto,

Vendo que o sonho é real,

Sente que pode, afinal,

Sorrir em forma de pranto...


Então chora longo tempo

(Tanto que o neto calou)

As mágoas que represou...

Quanta emoção na senzala...

E olhando as mãos calejadas

No duro afã das enxadas,

Abraça o Zé. Depois fala,

Já tendo as mãos sobre o peito:

“ Cumu isperei esse dia,

Cumu esse peitu ardia

Di réiva, dó, di turmentu,

Também di munta isperança

– Desdi us tempus di criança –,

Fincados nu pensamentu!...


Tristi a travessa dus mar...

Bem mais marvada qui tudu;

Nóis qué gritá... Ficô mudu

Cum us chicoti nus lombus...

U friu cortava a genti;

Chorus, bateção di denti...

Só tristeza, só assombru...


Fiu, tanto fedô, correnti,

I nóis ali, muntuadu,

Pió qui porcu, qui gadu...

Niguém pá dá pruteção...

Mortus jugados nus mar...

Niguém pá nus confurtá...

Di nada diantô oração!...

Chegano, fumus vindidus

Di iscravus prus fazenderos

(Lidas di roças, terreros,

Nus cafezá dus Barão)...


Sinzala, mió qui naviu,

Qui lú da África partiu,

Sangrano mir Curação!...


Aqui abraçemos Jisus!

Na luita tivemus paiz

(Barão, tamém capataiz,

São cristão, têm caridade).


Nóis tem nossus sintimentus,

Dão lida, tétu, alimentus,

Partis da filicidade!


Seu vô mora na sinzala,

Ondi viví a vida intera

Com sua vó, doci i facera!

Um dia ocê vai entendê...


Eu pidu pra vancê, agora,

qui num sai, num vai imbora

pruque pódi arrependê!...


Seus vô casô na fazenda!

Fius, netus i muntos fiotis

Vinhéru i niguém deu “bótis”,

Nus bondosus dus Sinhôs!

Tem iscola, casas novas,

Arrendamentu, qui prova:

“Cum Jisus tem munto amô!”

Só ocê sábi dessa históra

(Qui Orixás, Jisus sabia),

Pela era só di aligria...

Zé – qui Jisus mi dexô!

Agora canti, di novu,

Juntu, Zé, sempri a seu povu,

Qui vai discansá seu vô”...

Feliz morreu “Nego Jão”.

Isabel fez seu papel,

Lei que não mudou em mel

Ódios, racismos. Verdade...

Negro Zé partiu dali...

“ – Pur lá nada é mió qui aqui;

É sonhu a tar L I B E R D A D E...”


* Laérson Quaresma de Moraes-Campinas-SP.

*Pseudônimo: Vitório da Desilusão.